3 de dezembro de 2010

Desdém

Você joga o olhar no horizonte, em busca de alvo qualquer. Mas é meu formoso caminhar que teus olhos não conseguem deixar de acompanhar.
Atira seu veneno ácido e barato em mais de um frasco, mas é comigo que tenta gastar o raro mel.
Tua memória é vasta e lotada de vazio nos cômodos onde os quadros com meus retratos e molduras douradas não estão pendurados.
Tenta plantar novidade, mas sou eu que semeio saudade nesse coração inchado de desejos passageiros.
Tua esperteza é frágil diante da chave cravejada de brilhos dos olhos meus. A chave que te tranca num canto que te cobre de atos infalsos.
Murmura da vida, e aí pesca na mente, o gosto do meu beijo, o aveludado do meu toque e assim, sorri mais leve.
Mesmo tendo o perfume vagabundo do novo passatempo grudado no teu olfato; é o meu perfume-ímã que você deseja sentir, ao passar em frente ao recanto do melhor boticário da cidade.
E ainda assim você prefere continuar sendo o que é e abandonar o projeto de amor.

Desculpa a modéstia. Mas é gostoso saber que te embaralho. Mais gostoso ainda saber que não passará disso.


Não é de todo autobiográfico. 

4 comentários:

Thaís. disse...

Senti falta das tuas letras. Mas passo aqui, sempre, para te olhar.

Beijo.

Moa (Will) disse...

Olá,

Quem desdém, quer comprar. Já diz a voz do povo.

Gostei.

Abraço!

Brunno Lopez disse...

Eu vejo textos horríveis e previsíveis com mais de 100 comentários.

Mas isso que li aqui, mereceria a maior totalidade possível.
Ou talvez outra linha. Uns 4 comentários que realmente entendessem a grandiosidade do que seus dedos produziram aqui.

Esse egocentrismo foi extremamente cativante e convidativo.
Essa certeza de ser a música que o cara tá cantando, o perfume que ele não esqueceu, o sonho que ele tem a maioria das noites que consegue dormir.

A melhor coisa que li hoje.

Weslle Henrique disse...

É encantador o modo como vc escreve bem. Consegue fazer o leitor viajar na imaginação.

Vc é encantadora Gaby.

te adoro s2

By: Weslley Henrique